Filhotes retirados precocemente da mãe e da ninhada enfrentam um déficit importante no seu desenvolvimento emocional e comportamental. Eles perdem experiências fundamentais de aprendizado — como os limites, o controle de mordida, os rituais de aproximação. São coisas que nenhum humano consegue ensinar como uma mãe canina. Ainda assim, coube a mim esse papel: acolher, adaptar, socializar e oferecer uma estrutura emocional segura. Aceitei o desafio. O Big chegou em julho de 2024, e desde então, estamos juntos nessa jornada.
Desde os primeiros dias, iniciei comandos de obediência básica. Esse processo foi vital para construirmos um vínculo de confiança e previsibilidade. E com o tempo, cuidamos de tudo o que era preciso: alimentação, saúde, manejo. Aos poucos, aquele corpinho frágil foi se fortalecendo — e a personalidade forte foi se revelando por completo.
A convivência com os outros cães da casa foi uma montanha-russa. Bella e os meninos não fizeram questão de recebê-lo. Uidi foi o mais tolerante, mas Big rapidamente elegeu um ídolo: o Hero. Ele olha para o Hero com admiração genuína — como se dissesse: “Quero ser igual a você quando crescer.” Vive beijando a boca dele com devoção. Hero, no entanto, finge que Big não existe. Já pisou nele cinco vezes. E em todas elas, foi uma gritaria, chororô e correria. Só o Hero, impassível, parecia não ter entendido o caos.
Hoje, com 11 meses e 2,5 kg, Big está bem mais adaptado. A reatividade que ele demonstrava inicialmente foi trabalhada com dedicação. Passamos por um verdadeiro intensivão para que ele aprendesse a ser penteado, tolerar toques, compartilhar recursos e confiar nas interações. Mas há algo que o Big manteve até hoje: o seu rosnado.
É aí que entra a parte mais fascinante do seu comportamento.